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Pressão para conseguir encaixar um golpe, ganhar cada ponto e vencer a luta. Lutar pelo primeiro, segundo e terceiro lugares. Derrotar o adversário. Competir para ser o melhor de uma categoria. Nada disso define o Aikido, arte marcial não competitiva criada no Japão na década de 1940 pelo mestre Morihei Ueshiba (1883-1969). 

“A verdadeira vitória é sobre nós mesmos aqui e agora”

Eu não estou interessado em ser melhor que ninguém; que não quero me exibir; não tenho a pretensão de ser um grande mestre e que, por último… pergunto: Para que fazer o exame de faixa?”

Vou citar 8 motivos que acho justo levar em consideração ao se decidir em fazer o exame de faixa.

Manter a unidade e preservar a tradição do Aikido dentro de uma comunidade de praticantes, uma vez que se alguém ou algum dojo começar a executar técnicas que seja consideradas corrupções daquilo que se entende como consenso, não haverá o reconhecimento por parte da banca experiente.

Rito de passagem – Toda sociedade marca momentos na vida de seus membros com cerimônias que representam não apenas uma transição particular do indivíduo, com também sua progressiva aceitação e participação na sociedade onde está inserido. Ou seja, há tanto o cunho individual quanto o coletivo. São alguns exemplos: batizados, formaturas, casamentos etc… 

Assumir responsabilidades – Sim, você já pratica há algum tempo e, assim como sua técnica evolui, sua responsabilidade também é progressiva. Para os iniciantes, é importante ter alunos mais experientes como referência. Alunos graduados melhoram o nível de um dojo.

Prestação de contas – Na escola você faz provas, na faculdade também. No trabalho, é bem possível que você tenha de prestar contas de algum modo. Na maioria dos esportes, você treina e depois vai competir (uma forma de avaliação, não?). Se você faz tudo isso numa boa, por que não encarar mais essa prova e dar ao seu Sensei a alegria de saber que você está fazendo a sua parte?

Ferramenta pedagógica para os Senseis – Para os Senseis, é importante observar como as pessoas estão evoluindo, pois essa evolução é um reflexo direto do que esta sendo ensinando e de como os Senseis estão fazendo isso. Se várias pessoas estão cometendo o mesmo erro, isso é um indicativo de que se deve prestar mais atenção a determinado ponto. Se todos têm dificuldade em alguma técnica específica, talvez estejamos praticando pouco essa técnica. É claro que durante os treinos estamos atentos a cada um, mas no momento do exame, podemos nos concentrar em observar cada detalhe, fazer anotações e discutir a respeito.

Estar sob pressão – O momento do exame é tenso. Você fica mais cansado do que ficaria se estivesse treinando normalmente. Além disso, em geral, sua técnica piora um pouco. E isso justamente naquele dia em que todas as atenções estão voltadas pra você, inclusive com câmeras ligadas e, nao raro, familiares na platéia. E sabe do que mais? Os Senseis sabem que você ficará nervoso e que talvez erre ou esqueça de algo. Mas é justamente esse o cenário necessário para você aplicar o que anda aprendendo. No dia a dia, por mais “realidade” que tentemos imprimir nos treinos, você está sempre seguro, praticando com amigos numa situação absolutamente controlada. E o exame tira você dessa zona de conforto.

Registrar sua evolução – Garanto: será bem divertido rever seus exames em vídeo no futuro.

Depois tem festa! – Seu esforço será recompensado. Depois de todo exame há uma festa… E voce não quer ficar de fora, né?

Evoluir – Você pode até discordar de todos os meus argumentos anteriores, por isso deixei este pro fim. É um fato: todo aluno sai do processo que inclui treinos e o exame em si, com o aikido melhor do que era antes.

Masakatsu Agatsu Katsuhayabi

“Masakatsu é conformar seu coração à verdade e perseverar até o fim para atingir a vitória.
“Agatsu significa derrotar a natureza inferior e transcender o egoísmo.”
“Katsuhayabi é a capacidade de responder a qualquer eventualidade de maneira fluida, harmoniosa e desimpedida, sem hesitação ou oscilação.”

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Extra - Recado aos Ukes

Durante o treino, na execução das técnicas, enquanto Uke, devemos atacar com sinceridade sem ceder aos reflexos egoístas do nosso ser básico, vencendo, portanto a vaidade sem tentar a todo custo impedir Nague. É preciso perceber a intenção e a conexão com Nague, harmonizando-se ao fluxo do ki que o Nague provém e manter a intenção do ataque permitindo que este observe como manter a conexão e a fluidez do ki até o final da técnica. Como Nague, devemos manter a atitude de Agatsu, derrotando a natureza inferior do egoísmo e da vaidade ao executar os movimentos, abdicando da força bruta e buscando verdadeiramente a união da mente e do corpo e, assim, a conexão do seu ki com o do Uke. Iniciada a agressão, ou seja, o desequilíbrio do universo, Nague precisa conduzir a energia do Uke gerando uma força criativa que beneficiará a ambos e trará de volta o equilíbrio. Quando treinamos com intensidade na atitude de sugyo, é necessário também o relaxamento, mantendo a atitude de Masagatsu e de Agatsu. Desta forma, seremos capazes de responder às agressões e restaurar o equilíbrio do universo de maneira imediata, fluída e harmoniosa, conforme Katsuhayabi.

Agatsu - Vitória sobre a violência do outro
Ki – Energia vital
Uke – quem recebe a técnica
Nague – quem executa a técnica
Masakatsu Agatsu Katsuhayabi – A verdadeira vitória, a vitória sobre nós mesmos, aqui e agora
Katsuhayabi- A rápida vitória do bem sobre o mal.
Sugyo – treinamento austero

Co-autor Sensei Fernando

Bibliografia

O Caminho da sabedoria -Wagner José Bull - Editora Pensamento, 2003

Os Segredos do Aikido - John Stevens - Editora Pensamento, 1995

A Arte do Aikido - Kisshomaru Ueshiba – Editora Pensamento, 2006

Ensinamentos Secretos do Aikido - Morihei Ueshiba - Editora Cultrix, 2010

Introdução à Vida - John Roger e Peter McWilliams – Editora Record, 2004